segunda-feira

Se preocupar ou não com o amanhã, eis a questão


No Evangelho de São Mateus, Jesus parece ser de um realismo que, ao mesmo tempo, impressiona e choca a nossa vida moderna. “Não vos preocupeis com o que comereis ou o que bebereis. Não vos preocupeis com a roupa. Não vos preocupeis com o corpo. Olhai as aves do céu, olhai os lírios do campo.”


Não se choca este linguajar com nossa visão de mundo de trabalho na Idade contemporânea? Seria este discurso de Jesus um convite a uma vida ociosa e preguiçosa?




Absolutamente não! Jesus, no entanto, adverte-nos que existe uma hierarquia entre valores. Na verdade, todos nós, diante deste texto, somos pegos em flagrante.  Isto porque apenas nos preocupamos com o corpo, com a vestimenta, com a comida, com a bebida, com o necessário ou até mesmo o supérfluo. Mas, para muitos, não entra nesta hierarquia Deus e os valores que são definitivos.

Estas pessoas estão totalmente imersas no que é provisório e contingente. Sim, tem-se fé, e não é difícil encontrá-las. Dão alguma coisa a Deus seja alguma sobra, seja algum minuto, seja alguma atenção, mas não passam disto. Deus entra nessas vidas, mas entra nessas vidas apenas marginalmente. Deus não ocupa, nesses corações, nem de longe, o lugar principal que Lhe compete.

Bem, hoje nós todos podemos fazer este exame de consciência e, a seguir, concluir que, as mais das vezes, de maneira estúpida e sem sentido, agitamo-nos muito e vivemos na ansiedade, devido a alguma coisa, à vida, que no fundo foi recebida por nós gratuitamente. Deus nos deu, gratuitamente, a existência. Que fiz eu; que fez você para existir e para continuar a existir? Não é fora de propósito agitar-se e tornar-se demasiadamente ansioso por alguma coisa que recebemos gratuitamente da liberalidade de Deus?